Alergia ao látex não é desculpa!
De acordo com o médico alergista e presidente da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia de Mato Grosso, Celso Taques, ainda que rara, a alergia ao látex da camisinha não é uma descoberta recente. "A reação alérgica ao látex foi observada com a explosão do vírus da AIDS ao redor do mundo. Percebeu-se que, luvas, cateteres, entre outros artigos usados na medicina desencadeavam uma hipersensibilidade nas pessoas".
Segundo o alergista, o desconhecimento da população e de alguns médicos de que objetos a base de látex podem causar sensibilidade faz com que muitas pessoas não sigam o tratamento adequado ou mesmo não descubram que são alérgicas. "As pessoas se queixam com os médicos de dores, vermelhidão e coceira, e pensam se tratar de outras doenças ou DSTs, mas não imaginam que podem ser alérgicas!", explica.
Mas por que algumas pessoas têm alergia ao látex? Taques diz que existe uma proteína contida na seringueira que é transferida ao látex e, posteriormente, à borracha do preservativo. E pessoas que possuem predisposição genética a ter alergia ao látex ou a outras substâncias possuem maior probabilidade de desenvolver uma sensibilidade exagerada durante o uso da camisinha.
E qual a solução?
Não usar o preservativo por possuir alergia não é uma opção viável. No entanto, ter que se submeter a todo o desconforto e sofrimento que a alergia provoca também não. Pensando nisso, foram desenvolvidos preservativos utilizando outros materiais. Entre eles, o mais popular é o poliuretano (PU).
Além de não desencadearem reações alérgicas, os preservativos de poliuretano possuem outras vantagens em relação aos de látex. Eles têm uma vida mais longa após serem colocados para a venda. Também podem ser usados com lubrificantes à base de óleos (que danificariam os preservativos de látex). Outra característica é que ele é duas vezes mais forte que o látex, de modo que pode ser muito mais fino, transparente e levemente maior.
Uma fábrica em Cambridge, na Inglaterra, lançou um preservativo feito de PU, chamado de Avanti, que logo se tornou um sucesso. Os testes mostraram que a maioria dos usuários (80%) prefere esse tipo de preservativo, principalmente devido ao aumento da sensibilidade.
Mas nem tudo são flores...
Embora existam diversas vantagens sobre o látex, o poliuretano também apresenta certos problemas. Por ser menos elástico, o PU apresenta cerca de duas vezes mais chances de romper ou sair do pênis durante a relação sexual quando comparadas às de látex. Entretanto, as chances de falha quando utilizadas corretamente são suficientemente baixas para serem consideradas seguras.
Os preservativos de PU também costumam a ser bem mais caros que os de látex, tendo seu preço médio variando em torno de R$ 2,20 a R$ 7,53 cada unidade.
Mas o que é o poliuretano?
O Poliuretano (denominado pela sigla PU) é um polímero que compreende uma cadeia de unidades orgânicas unidas por ligações de uretânicas, ou de carbamato.
A criação dos poliuretanos é atribuída ao químico industrial alemão Otto Bayer (1902–1982), que descobriu a reação de poliadição de isocianatos e polióis. O produto foi inicialmente desenvolvido como um substituto da borracha, no início da Segunda Guerra Mundial.
A polimerização dos uretanos ocorre quando se reage uma substância – com dois ou mais isocianatos – com um álcool polifuncional, ou seja, um poliol. As substâncias mais comuns utilizadas na síntese do PU são o diisocianato de parafenileno e o etilenoglicol, como visto na figura abaixo:
A ligação uretânica (vista em destaque abaixo) é muito forte, e é o que dá resistência a esse polímero.
São usados ainda catalisadores apropriados e surfactantes são utilizados com o objetivo de controlar a velocidade da reação de polimerização e o tamanho das células.
Outras aplicações do poliuretano
Esse composto tão versátil é usado na produção de vernizes, colas, pneus, colchões, calçados, além da produção de preservativos, foco nessa postagem.
E por enquanto é só. Até semana que vem, com mais uma postagem!
REFERÊNCIAS
Cangemi, José Marcelo; Santos, Antônia Marli dos; Claro Neto, Salvador. Poliuretano: De Travesseiros a Preservativos, um Polímero Versátil. Revista Química Nova na Escola. Vol. 31. Nº 3. Agosto de 2009. Sociedade Brasileira de Química. Disponível em: < http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc31_3/02-QS-3608.pdf>. Acessado em 22/04/2015.
Festin, M. R. Non-latex versus latex male condoms for contraception (last revised: 1 April 2013). The WHO Reproductive Health Library; Geneva: World Health Organization. Disponível em < http://apps.who.int/rhl/fertility/contraception/cd003550_festinm_com/en/>. Acessado em 22/04/2015.
Gallo, M. F.; Grimes, D.A.; Lopez, L.M.; Schulz, K. F. Non-latex versus latex male condoms for contraception. Cochrane Database Syst Rev. 2006 Jan 25;(1):CD003550. Disponível em <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16437459>. Acessado em 22/04/2015.
Explicatorium. Disponível em <http://www.explicatorium.com/quimica/Polimero_Poliuretano.php> Acessado em 22/04/2015
Gazeta Digital. Disponível em <http://www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/secao/13/materia/179129> Acessado em 22/04/2015
Alunos Online. Química. Disponível em<http://www.alunosonline.com.br/quimica/preservativos-feitos-poliuretano.html> Acessado em 22/04/2015
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